Dicas uteis sobre o vinho


Não caia nessa de que o vinho mais caro é melhor!
Nem sempre o vinho mais caro é o melhor.
Vamos entender o que determina o preço de um vinho, para entender quando o mais caro é o melhor:
A matéria prima usada para produzi-lo: cachos de uva cuidadosamente selecionados, (muitas vezes, um bom produtor descarta 75% de sua produção para ficar somente com os 25% melhores cachos) tratados e colhidos.
O processo de vinificação: a tecnologia moderna exige investimentos altos em instalações e maquinário de ponta. Este investimento é repassado ao preço.
O envelhecimento em barricas de carvalho novo "francês" custa caro. Cada barrica que contém somente 225 litros chega a custar 1.500 dólares.
O uso de garrafas e rolhas de qualidade, a contratação de enólogos renomados, o investimento em propaganda são outros fatores determinantes no custo do vinho, além da tradição.
Mesmo depois de investir em todos os pontos descritos acima, pode obter-se um vinho ruim. O contrário também é possível: Com pouco investimento, um pequeno produtor-enólogo cuidadoso e honesto pode oferecer safras excepcionais, ajudado pelo clima, solo e um trabalho esforçado.

Quanto mais velho o vinho, melhor?

Os produtores franceses de Bordeaux ajudaram a difundir este conceito, já que os grandes vinhos tintos de Bordeaux precisam de 10 anos para atingir seu apogeu. O vinho é biologicamente vivo e sofre constantes mutações na garrafa: cada um evolui de uma maneira diferente, chegando a sua plenitude em 6 meses ou 30 anos. Alguns chegam aos 100 anos (Sauternes). De uma maneira geral:
Os BRANCOS SECOS devem ser consumidos em 2 anos, para ressaltar o frescor e a fruta que os caracterizam. Alguns Borgonhas excepcionais envelhecem bem até 15 anos (Montrachet, Corton-Charlemagne, Meursault...).

Os BRANCOS DE SOBREMESA aguentam muito mais: até 10 anos. No ano 2000, foi aberta uma garrafa de Chateau dYquem-Sauternes ano 1811: Estava perfeita...

Os ESPUMANTES devem ser consumidos no ano do engarrafamento, excetuando-se os Champagnes de safras especiais (Millesimes) que aguentam até 10 anos.

Nos TINTOS SECOS temos a maior variação, determinada pelo tipo de uva utilizado mas também pelo envelhecimento em carvalho, entre outros. A uva Merlot não envelhece tão bem quanto a Cabernet Sauvignon, protegida pelos seus taninos mais fortes.

Vinhos jovens e frutados devem ser consumidos logo, em 2 ou 3 anos: Chiantis, Chilenos e argentinos não barricados, Riojas Crianza, Cotes-du-Rhône e Beaujolais, Bordeaux mais leves. Grandes Bordeaux e Borgonhas devem ser guardados, as vezes no mínimo por 10 anos, assim como os Riojas Gran Reserva e os Barolos e Brunelos italianos.

De um modo geral, os melhores vinhos do Novo Mundo (Califórnia, Chile, Argentina e Austrália), mesmo tendo passado meses em barrica e podendo aguentar décadas, podem ser bebidos imediatamente, devido ao "estilo" do Novo Mundo de fazer vinhos para consumo imediato. Já os grandes europeus, seguindo a tradição, precisam de guarda...


Qual é a sequencia a seguir na hora de servir?

Os vinhos mais leves devem ser servidos antes dos mais encorpado.
Tradicionalmente, a ordem é a seguinte: espumante, branco, tinto, sempre começando do mais leve para o de maior corpo, finalize com o de sobremesa.


Porque a temperatura é importante na hora de servir?

PARA OS BRANCOS:
A temperatura mais baixa ressalta o frescor e o sabor frutado do vinho:
10ºC para os Brancos Leves;
12ºC para os Brancos encorpados;
08ºC para os espumantes, Champagnes;
06ºC para os licorosos de sobremesa.

PARA OS TINTOS:
A temperatura mais alta ressalta os taninos, tão necessários para um bom tinto. Os menos tanicos e mais frutados precisam de uma temperatura um pouco mais baixa. Acima de 20ºC, o álcool começa a evaporar-se e o vinho fica desagradável.
Em geral:
12ºC para os tintos muito leves (Beaujolais);
14ºC para os tintos leves (Cotes-du-Rhone, Chianti);
16ºC para os tintos levemente encorpados (Borgonhas, Chilenos, Espanhois Crianza);
18ºC para os tintos encorpados (melhores Bordeaux, Californianos e australianos barricados).
No Brasil, não tenha receio em pedir um balde de água com uma dúzia de pedras de gelo para refrescar seu vinho tinto que esta chegando a mesa a temperatura "ambiente" tropical.


Como montar sua adega em casa?

Se você não vai consumir imediatamente os vinhos adquiridos, ou se você esta disposto a investir em vinhos que precisam de envelhecimento, você precisa ter uma adega, de preferência climatizada. Nosso país tropical exige cuidados especiais com a temperatura do vinho.

O local ideal deve ser: Escuro, com humidade média de 70%, livre de odores e trepidações (o "deposito" da garagem do predio não serve!), e, o mais importante com temperatura constante, preferencialmente entre 16 e 17ºC. Mais baixa a temperatura, mais lenta será a evolução do vinho. Aumentando a temperatura da sua adega, você pode acelerar o amadurecimento do seu vinho, o que não é muito recomendável. Nossa sugestão para uma adega "internacional" de 100 garrafas é a seguinte:

BRANCOS:
10 Brancos secos da Borgonha (Chardonnay);
5 Brancos de sobremesa (Sauternes, Tokay ou Late harvest);
5 Champagne Millesime.

TINTOS:
25 Bordeaux de guarda (Cabernet Sauvignon-Merlot);
15 Bourgogne (Pinot noir);
10 Barolos e Brunellos (Nebbiolo e Brunello);
5 Super-Toscanos (Cortes de Sangiovese);
5 Gran Reserva da Rioja (Tempranillo);
10 Grandes chilenos e argentinos de guarda (Cabernet ou Merlot);
5 Californianos Reserve (Cabernet Sauvignon);
5 Australianos do primeiro time (Shiraz).

Evidentemente, gosto não se discute. cada um tem suas preferências e a sugestão acima é meramente uma das muitas combinações possíveis.